A minha vida foi uma linha
No livro rasgado que ninguem leu;
Um pedaço de ódio e estricnina
Sob o enlameado do céu.
Com esta ou aquela vereda
De amores loucos sem razão;
Com esta ou aquela viela
De corpos, copos, paixão.
Noites... Noites são a minha,
No livro rasgado que ninguem leu,
A mais pequena linha...
E só o sol que não nasceu
Sabe do quanto eu quis
Não odiar ninguem
Ser feliz...
Apenas; sem
Ter que escrever
Repetidamente solidão...
E sentir
Que para lá da minha mão
A tua
Existia;
(Existua
A tia)
O labirinto com saída
E não
O beco sem razão.
Dias... que despertam
As linhas do livro não lido...
Linhas que apertam...
E eu vencido
Sem sequer ter servido
Nem para bom nem mau poeta.
A lápis fino delineada,
Longe, mais longe, inda mais além,
Ei-la, doce, como se alguém
A traçara, intencionada.
Ela divide o tudo ou nada,
O que se possui e não se tem,
É minha, tua, mesmo doutrem
E por nenhum de nós cativada.
Esforça-se por tal o pintor
Embelezando-a até com cor;
Para o poeta também fonte,
É moldura para o amor...
Só para mim, esse estupor
É apenas linha de horizonte.
Sem comentários:
Enviar um comentário