quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Genesis lilítico

Amo-te e não te quero,
Rosa tardia no meu jardim agreste.
Tenho amigos que o não são
Por esses faces-books fora
(Esta do hífen é intencional
porque sei que o entendes).
Tenho Almeidas no meu passado que não varrem,
Sequer sopram folhas outonais.
Assim como tenho copos de vinho
(Encho um)
Que te não agradam... mas sou eu.
Eu a gostar de beber este copo
E a gostar de escrever
Sem proibições de quem não escreve para além de receitas.
Sou eu
(e a minha irmã Adélia
E a Benilde; até o Mário)
Sou eu a falar alto,
A dizer mal do Mundo
E com vontade de chorar e dizer apenas bem...

Não o sei... ensinaram-mo, é certo!;
Mas dizer bem do que está errado nunca foi do meu agrado.
Sou javali fuçante nos degraus que tu subiste.
Não porque queira que desças...
Sou eu que não sei subir.

Tenho à minha frente
Os futuros que ninguém vê!
Assim fôra, há muito que alguém o predissera...
Eu sou um passado velho,
Tão velho que o não sei escrever.
Outralguém por mim o fez...

É fácil ouvir canções
E cantá-las fazendo-as nossas.
Mas ouve a Noite do Zé Mário
E medita -ainda que o não queiras-
Por muito que sejam nossas...
Andamos na boca dos outros.

Andamos na boca do mundo
Como o Fernando que desce o Tovim
De mão dada com o “amigo”.
Somos tema de conversa
Que nós próprios não conversamos.

Dói. Tudo dói!
Porque sim... porque eu vivo!
Porque eu queria descer todos os Tovins
Contigo e sem mais quê!
Mas não desço.
Ato-me a estas coisas,
Às virtualidades da “net”
E escrevo-te poemas que o powerpoint desconhece
E o Translator, todo google, atrapalha.
Falamos, amor, língua desconhecida.
E eu que pensava amor ser isso mesmo,
Vejo-me defronte a livros,
A dicionários e ainda que recusando
Aos tratados do Régio e aos versos do Pessoa.

Eu, que nem sei o que paulismo é.
E toda essa coisa do interseccionismo...
Não sei o mínimo para te poder saber.
Trago ignorância até no pénis.
Aquela coisinha que dizem pensa por nós.

Triste de mim,
Que tenho os teus olhos,
Os teus lábios e esta merda de amor
Que ninguém entende.

Sim, digo asneiras,
Solto impropérios.
Tal qual tu o fazes...
Mas a mim não fica bem!
Eu apopléxico crónico
Com raivas ancestrais
Que ninguém sabe curar,
Eu devo calar...

Calo, acredita!, acredita queo faço.

Tenho mudez até nas camisas que visto.
Trago mudez nas palavras que digo.

Minto. Minto se calo e calo se minto.
Ouves o meu silêncio?
É a dialéctica do amor,
Aquele das feridas e dos fogos.

Tenho que morrer, um dia, decidido.
Hoje não. Tu fazes-me sentir vivo.
Demónios te levem!

A paz que em mim semeara
Tu alevantaste-a como um tufão,
E nem sequer geraste raiva.
Renego-te, Lilith, renego-te.
Um deus virá contrariar-te,
Fazer de mim infeliz
E prostrar uma Eva a meus pés.

Arranco as flores de Éden
E mando ao diabo o deus
Que de mim molda um adão!

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