Com mi bordão
autopsiado
corte na garganta
teu último canto
asfixiado
tangeste a sexta
com o peso do teu corpo
As raparigas
tiveram soluços e lágrimas
mas não o choro
de “Dulcineias”
Pendulaste o ritmo
por minutos
assim contados
e foste sem o amor que despertavas
Levaste
o corpo balofo
e as mãos crispadas
num derradeiro acorde
-sem poderes jamais acordar-
Vi a pedra tumular
nada diz
sequer
“Amigo, maior que o pensamento...”
Levei-te um cravo
arrepanhado murcho
no monte que ninguém quer
Foi Abril
quase Maio
por sobre a mesa
Sá Carneiro
e o “livro em branco”
aquele em que eu escrevia
aberto
esventrado
no poema
“Embala-me
embala-te
leva-me contigo
que mortes não há
tua voz é vida e gestação
adormecem noites dedilhadas...”
Hoje queimei teus restos
incinerei o caderno
e vadiada a noite
visitei teu túmulo
mortes há, amigo, mortes houve
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