sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Alegoria do buraco




Coloca mais um tijolo,
Levanta alta a parede
E põe cortinas de ferro.
Coloca também persianas
De chapa de aço esmaltado.
Reforça a alegoria
Do buraco onde me encerras.

Faz-me sentir os teus passos,
Adivinhá-los no escuro;
Sonhar com afagos teus
E desenhar teu perfil
Com as sombras que me cercam.

Se topo um raio de luz,
Não o sei bicho ou pessoa,
Sequer o sei como tal.
E quando passa uma sombra
Pergunto-me se é o sol
Que vozes vão comentando..

Se por fresta entra o frio
Indago-me se tu o sopras
Ou se outralguém o faz.
“E quem será?” Me pergunto.
“Porque razão o fará?”

Mas vejo, está tudo errado;
Fôra isto um buraco,
Uma isolação do mundo,
Não saberia eu escrever
Nem tampouco questionar.

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