domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um pontapé oculto



Rodrigo
cantos lúgubres e pagãos
Ozzis e Coopers e assim
teus olhos negrumes
os lábios palidez
aprendeste num dia
três acordes e uma canção

Foste rei
eu plebeu
Clepsidra
rodou teu tempo
cronificou teu andar
foste metrónomo poente
a noite vinha
estrelar-te a voz

Cantavas, Rodrigo, cantavas
novas canções que eram armas
-contra teu pai que nem o era-
cativaste versos de luta
e operários
compraste até
Como se fôra seu filho”

Teu pai banqueiro
emissora católica e pouco mais

as noites vinham
estrelar-te a voz.

Até ao tombo na escada
-pontapé certeiro no incomodativo-
tu escada abaixo
e o Zeca janela afora

Sussurro-te baixinho
pra não dizerem que não falei de flores”
deixei o cravo mais atrás
ali onde o Carlos jaz
cantemos amigos
A morte saíu à rua num dia assim...”

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