Furaste a cortina
grafitizaste-me o mural
e deixaste bem vincados
a foice e o martelo
sobre as águas nocturnas
da Ria de Aveiro
Tu vermelho
eu verde
no mesmo cigarro
que a penúria poupara
o barco
-duas câmaras de ar atadas-
chapinhava ritmos
chapiscava odes
tcháp-tcháp
“this is the end”
trauteaste
“beautiful friend”
ripostei
e ficámos vivos
tu Perestroyka
e eu sem linces na Malcata
nem sobreiros transmontanos
Trocámos poemas
trocámos as horas
escorrupichámos Mondegos
em noites piromagnas
Mas veio um carro
na curva do meu braço
levar-te
-nos
o que sobrou
da noite na Ria
tu e o teu suicídio
ambos falhados
ambos cumpridos
Ando com saudades dos mortos. Será que isso é bom?...
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