quarta-feira, 27 de abril de 2011

Foto

1.
Abri os olhos com tua foto neles.
Acordei no jardim e na paz da relva
Que o Verão já pisara.
Tinha nos dedos carreiros de formigas
E nos lábios sedes de ti.
Se as aves cantavam
Decerto odes oníricas
Que o rio mais ao lado embalavam
E distantes de mim soavam.
Meus ouvidos surdos ao mundo
Se escutavam era o silêncio de ti;
Amei-te dentro dele,
À distância.
Tão longe de mim
Que me perdi...
Agora, não sei regressar.

2.
Ficou encontro marcado.
Não sei que gare poderá unir destinos...
O meu anda emigrado
E fala saudades de fados.
Os comboios que me levam
Recusam sempre trazer-me.
Se souberes de sombras ternas,
De árvores nidificadas,
De relvas humedecidas,
Do meu corpo ocioso,
Diz-me. Preciso saber onde estou.
Talvez assim te encontre.

3.
Dar-te-ia um número...
Uma ponte sobre os longes,
Dar-te-ia a mão em braço longo que se não vê,
Dar-te-ia a voz em sussurro meigo,
Dar-te-ia tudo isso...
E muito mais.
Mas sou adverso a telemóveis.
Se quiseres apenas muito mais...

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